No mundo atual, nota-se
uma mudança no padrão de comportamento do indivíduo, o qual passou a se pautar
pelo que tem e não pelo que é. A transfiguração do “ser” em “ter” implicou em
um aumento exacerbado da necessidade de consumir os mais variados produtos e
serviços disponíveis no mercado, como forma de completude, felicidade e
enquadramento na vida social, evidenciando uma mudança de valores, fortemente apegados
à lógica capitalista.
Essa mudança de
comportamento foi promovida com o advento do capitalismo moderno, que tornou
tudo passageiro, provisório e substituível, ao alcance das mãos em qualquer
loja ou shopping. Por meio desse sistema, a razão de felicidade e divertimento
está no poder de compra de uma pessoa, isto é, o “melhor que o mundo tem a
oferecer” pode ser adquirido através de um cartão de crédito, o que denota uma
visão reducionista do mundo.
Tal visão de mundo,
arraigada, sobretudo e especialmente, nas sociedades ocidentais, denuncia um
grave problema no âmbito dos relacionamentos humanos. Esses passaram a ser
estabelecidos, e até mesmo definidos, por “afinidades” ditadas pelo consumismo:
pessoas necessitam consumir determinado produto (ou marca), inconscientemente, por
desejarem pertencer a esse mundo consumista em voga, evitando a “exclusão
social” (não enquadramento em um determinado grupo) por meio daquilo que têm, e
não por aquilo que são.
O ter define o ser e o
enquadra na vida social de um grupo composto por pessoas que apresentam
semelhanças de padrões de consumo. É exatamente esse aspecto que tornou as
relações humanas também efêmeras e voláteis, na medida em que o capitalismo
ensinou que tudo aquilo que existe pode ser substituído por algo novo, pois sua
doutrina vende a busca pelo prazer insaciável do ter sempre uma novidade, já
que as velhas relações, assim como os produtos velhos, passaram, dentro dessa
lógica, a ser obsoletas, devendo ser trocadas porque não mais satisfazem.
Eloá Oliveira
Contato: elocristine_oliver@yahoo.com.br
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