Domingo. Família reunida, ou melhor: a verdadeira família reunida. Aniversário da minha mãe! Comemoração. Os mesmos assuntos (histórias de família), são contados, e recebidos, com a mesma empolgação da primeira vez. Parecemos crianças diante de uma história nova e encantada.
Almoça-se. Imaginem mais ou menos dez pessoas, todas falando ao mesmo tempo. Conversas paralelas, concorrentes...entusiasmo! A tia H. e a avó I. sempre preocupadas em bem servir a todos: "comam, peguem mais..vocês não querem refrigerante?".
Todos sentam-se na sala, o espaço torna-se reduzido, mas sempre há espaço para mais um! E o monólogo em grupo continua, não isso não é uma crítica! É o maior momento de interação; permutam-se assuntos e pessoas...! Fala-se alto, misturam-se assuntos para depois convergirem a um ponto específico e, convergindo, brevemente, dispersam-se - um verdadeiro ciclo vicioso!
De repente, irmão M. e sua noiva A. saem da sala. Mas onde será que eles foram?! Bem, não sei ! Após algum tempo....surpresa! Retornam com um bolo, maravilhoso, com pedaços de chocolate e cereja, tentação...! Cantam-se os "parabéns" num ritmo frenético e desconjunto, enquanto eu "batuco" em um pote de açúcar...!
Ouve-se Raul Seixas. É a vez da famigerada música: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, sobre o que é o amor, sobre o que eu nem sei quem sou..."...minha família, definitivamente, não se encaixa nessa metamorfose cantada...!
É tudo sempre a mesma coisa, mas sem o clima da rotina. É mágico, especial, único, apesar de repetido!
É em momentos como esse que me desprego da realidade exterior. Esqueço os problemas, sorrio, brinco, volto a ser criança e, dessa forma, minha sensibilidade salta aos olhos e penso: "até quando terei essas dádivas?". Só Ele tem a resposta.
E voltando a realidade exterior: queria, eu, que o mundo fosse uma grande família! Utópico demais! E o tom das utopias não me agradam!
Mãe, Feliz Aniversário. Amo-te!